O HERÓI DESCONHECIDO
De há muito o brasileiro vive em busca de um Herói Desconhecido, um salvador da Pátria.
Mais recentemente, do presidente eleito “nos braços do provo”, ao “craque” de futebol, tivemos um piloto de fórmula 1, passamos pelo ambientalista sacrificado, saudamos o Ministro da Corte Suprema e hoje endeusamos o Juiz paranaense, entre tantos outros que poderiam ser citados aqui.
Cada um assumindo momentaneamente o posto do Herói Desconhecido.
Sem desmerecimento para esses personagens, fato é que não deixamos de ser o povo Macunaíma, aquele herói sem caráter, que depende de outros e da prestidigitação para dar certo.
Pessoas não são infalíveis, e quando viram heróis-personagens, alçados à condição de salvadores, somente um será o resultado: a decepção, exatamente porque ninguém é perfeito.
De marketing em marketing, surgem conceitos fashion extremistas:
O da esquerda caviar, que defende minorias das quais ouve falar, mas cuja realidade nunca viveu;
O d direita da ditadura, que se ilude com a volta do militarismo, desconhecendo o perigo de qualquer regime de exceção.
A cada manchete, revive-se o “Fla X Flu”, como se o Brasil e os brasileiros pudessem decidir no grito o que é certo ou errado.
Insuflam-se os ódios e amores, deixando a razão escorrer pelo ralo da ignorância.
Falta ao brasileiro sair da adolescência, amadurecer para descobrir que herói tem medo e sangra, mas persevera e progride.
Que Herói Desconhecido é aquele que vive o detalhe do dia a dia.
Falta entender que crítica não é bullyng;
Que humor pode ser ácido e negro;
Que liberdade de expressão não é aplaudir o que concordo, mas ouvir o que não gosto.
Fruto desse sentimento heroico e dessa brasilidade, temos a Carta Magna de 88, que trouxe direitos a todos, como se deveres pudessem ficar fora da equação.
No Brasil, se há problema, edita-se Lei, medida provisória ou norma.
Se está ruim, altera-se o parâmetro, para o resultado brilhar.
Como se uma norma ou uma decisão judicial pudesse alterar o fato, a realidade.
Como se a publicação de um benefício fizesse, automaticamente, brotar do nada o capital que vai pagar essa despesa.
E nesse vai e vem de humor adolescente, pede-se aos empresários que assumam o “risco da atividade”, em meio ao caos legal e normativo, em meio aos conceitos salvacionistas e outros tantos obstáculos que tais.
Ao mesmo tempo, a torcida organizada grita palavras de ordem contra o capital, como se pudessem existir empregos sem esse mesmo capital.
Antigas gerações criavam pessoas que sabiam que a todo direito corresponde um dever.
A cada ação, necessariamente, haverá uma reação.
Falta, portanto, ao brasileiro, reconhecer aquele herói escondido, que abre uma loja, que fabrica um produto, que circula nossa economia, e que permite gerar a riqueza que poderá custear o direito.
Cresçamos, então, para honrar o verdadeiro herói brasileiro:
Aquele que empreende, que emprega e que cumpre dever atrás de dever, sem ver respeitados os seus mínimos direitos a uma segurança jurídica, a regras claras e não sujeitas a mudanças de humor.
A todos os nossos empresários (micro, pequenos, médios ou grandes) deixo os meus parabéns e o meu muito obrigada!
Obrigada por não desistirem do nosso Brasil e votos para que nós possamos brindar um 2017 mais racional, menos apaixonado e voltado para um ambiente de harmonia político-institucional, que incentive vocês, nossos heróis desconhecidos, a continuar acreditando que o risco da atividade valerá a pena o investimento do capital.
Infelizmente , uma sensação de impotência nos leva a torcer por alguém que , julgamos ,poderia amenizar a crueldade desse sentimento.Temos um país com mais riquezas que Japão , com menos acidentes naturais que a maioria dos países , com uma mistura de raças que nos dá uma maravilhosa diversidade cultural e,não saímos do 7×0. Precisamos mudar e, um texto como o seu nos encanta mas contínuamos a não encontrar armas para lutar contra o cancer que corroi nosso país.