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O BOM E VELHO JORNAL

Há pouco ouvi de um renomado jurista que ele não entende como as pessoas ainda assinam e leem o bom e velho jornal.

Isso porque a mídia impressa entregue hoje já estará, teoricamente, superado pela noticia no mundo virtual do agora.

Caro colega: gostaria de tentar explicar um pouquinho da experiência que é ter em mãos esse bom e velho jornal,  mas um JORNAL de verdade.

Primeiro peço desculpas aos mais novos, mas é no papel que as letras se unem de forma diferente e fazem você focar a mente no entendimento do assunto objeto da matéria.

Com ele em mãos, a notícia adquire os contornos da realidade inserida no contexto de um todo mundial, e a reflexão não se resume ao pequeno ponto noticiado.

Quando você lê o jornal, essa arcaica mídia impressa, o assunto lido integra todo um caderno e encadeia, na sua mente, a lógica dos fatos para além da opinião de quem assina a notícia ou o artigo.

Tento explicar: por exemplo, o viés do jurista formalista, descrito no texto de uma notícia sobre um importante julgamento se amalgama aos vieses do economista, do sociólogo, do empresário, e dos jornalistas que compõem os demais textos daquele caderno.

E ao processar todas as informações, seu cérebro – sim, esse maravilhoso equipamento que ainda temos – permite que você formule a SUA opinião.

Ao comparar impressões de cada um dos colaboradores de um jornal, você aos poucos adquire massa crítica de informação, que o capacita a concordar ou discordar, ou – ponto supremo – você descobre que tem um terceiro entendimento sobre o assunto!

Some-se a isso aquele momento em que você separa o bom e velho jornal e, acompanhado de um cafezinho, recolhe-se para alguns minutos de solidão e reflexão.

Eis a mágica do bom e velho jornal!

Ah, dirão os nossos jovens, mas o bom e velho jornal, a mídia impressa, traz as notícias de ontem e on line eu tenho as notícias de agora.

Sim, meus caros. E esse é mais um dos problemas.

A instantaneidade da notícia nos impede de aprofundar o entendimento, de comparar posições e entendimentos, de amadurecer e formar opinião própria.

Porque?

Porque no momento em que lemos uma notícia, já se segue um fato novo e outro e outro e assim vamos, de manchete em manchete, ao sabor do que os sistemas operacionais on line vão classificando como mais acessadas.

Não se engane: nas mídias eletrônicas, nas mídias on line, os clicks e acessos determinam o caminho que as manchetes  terão.

Já no bom e velho jornal, na mídia impressa, a notícia vem amadurecida, contraposta pela passagem de tempo (ainda que breve), e que já permite a análise sem o susto e a paixão do momento.

No bom e velho jornal, passadas as primeiras 24 horas, a notícia é o fato e não o interesse que o fato despertou.

Na instantaneidade da vida on line, tendemos a acreditar simplesmente no que estamos olhando na tela.

As fotos felizes do Instagram “provam” que as pessoas estão bem, as opiniões lançadas no facebook são “certezas” compartilhadas por todos ….

Mas, em verdade, são algoritmos usados para nos direcionar para posições e assuntos que parecemos gostar.

Aos poucos, começamos a achar que todos pensam como nós, porque na nossa timeline aparecem muito mais opiniões compatíveis com nossos “likes” e nossos cliques.

Quando você está on line, mecanismos apontam para matérias mais vistas, mais lidas, mais parecidas com aquela que você acessou agora há pouco..

Ou, em outras palavras, acabamos tendendo a construir modelos mentais que parecem ser capazes de explicar a realidade.

EIS A FALÁCIA DA NARRATIVA!

Ao tentar absorver todas as incontáveis noticias em tempo real, acabamos atribuindo à primeira variável um poder que talvez ela não tenha.

No bom e velho jornal, fica um pouco mais difícil de enquadrar os fatos para que eles caibam em uma narrativa que nos seja favoravelmente crível.

Formar opinião crítica não será nunca uma via direta e instantânea, mas um caminho sinuoso, cujas curvas e obstáculos devem ser transpostos com o máximo de conteúdo possível.

Conteúdo, não meramente informação.

Aos desavisados de plantão e antes das críticas: não sou contra mídias sociais (estou na maioria delas), e muito menos contra a informação direta e on line, em tempo real.

Ao revés, utilizo-as no meu dia a dia pessoal e profissional.

E separo aqui, igualmente, os íntegros rotativos on line, que igualmente nos premiam com a análise diária do que aconteceu ontem, acrescido de sugestões para o hoje.

Aprecio-os quase tanto quanto o bom e velho jornal. Em verdade, só lhes falta a parte tátil… talvez seja o caso de eu passar a imprimi-los!

Então, meu caro colega, o bom e velho jornal, a nossa mídia impressa não pode e não deve ser extinta!

Ela é complementada pelo virtual instantâneo e é o contra ponto indispensável à superficialidade e direcionamento que a mídia eletrônica pode sofrer, aos ser dependente de uma lógica sistêmica de acessos e não de conteúdo.

Vamos compartilhar conteúdo

3 comentários sobre “O BOM E VELHO JORNAL

  1. Um, texto que me fez pensar na forma como eu estou analisando as coisas,conteúdo de ótima redação ,o site está de parabéns mesmo .eu como mero vendedor de guarda chuvas no brasil estudando para ser alguem melhor ,só posso dizer que sites como este fazem o brasileiro tentar a se esforçar para crescer pois tem um conteúdo notável ,com informações úteis de cunho social,moral e politico e que realmente fazem a diferença principalmente no nosso dia dia por exemplo eu um micro empresário individual do ramo de guarda chuvas ,pelo amor de deus jamais deixe de lado este projeto ok “o site”.

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